German Cano abriu caminho para a classificação do Fluminense diante da Inter de Milão (Marcelo Gonçalves/Fluminense)
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Fluminense x Inter de Milão: Flu que dobra gigantes no Mundial

Não é exagero dizer: o Tricolor vive um conto épico na Copa do Mundo de Clubes da FIFA. E, sobretudo, no capítulo mais brilhante até aqui, o Fluminense venceu, convenceu e calou a poderosa Inter de Milão. Um 2 a 0 histórico nas oitavas de final, que não apenas classificou o clube para as quartas, mas o posicionou como protagonista real da competição mundial.

Em campo, o que se viu foi um time maduro, intenso e extremamente consciente de seu papel. Renato Gaúcho armou uma verdadeira arapuca tática: linha de cinco na defesa, marcação média e compacta no meio, e uma transição rápida, especialmente puxada por Arias – e, inclusive, não seria exagero dizer, o colombiano é um dos melhores jogadores do torneio. Era o Fluminense de sempre — com bola no pé e coragem no peito —, mas com um senso de competitividade e estratégia raramente visto em jogos de tamanha exigência.

Flu x Inter: o jogo

O primeiro gol saiu cedo, logo aos 3 minutos, e foi um retrato fiel da partida. O Flu saiu tocando rápido pela direita, uma triangulação entre Martinelli, Samuel Xavier e Arias, que recebeu nas costas da marcação e cruzou para área. Caprichosamente, ela desviou e Cano, aproveitando a hesitação do goleiro Sommer, tocou de cabeça para abrir o placar. Daí em diante, o Fluminense jogou com inteligência. Recuou as linhas, bloqueou os espaços da Inter e, liderado por um Thiago Silva monumental na zaga, segurou a vantagem com autoridade.

E foi aí que o plano de Renato se revelou em sua plenitude. O Fluminense se postou num 5-4-1 compacto, com uma transição letal. Arias, posicionado mais avançado, foi a engrenagem perfeita entre defesa e ataque, criando o caos ao pressionar alto e acelerar as jogadas. O meio-campo fechava os espaços com intensidade, enquanto, pelos flancos, as peças alternavam bem o apoio e a recomposição.

A compactação defensiva impressionou. As linhas se moviam em bloco, sem espaçamentos, limitando ao máximo as ações de Lautaro Martínez e Marcus Thuram. Quando a Inter tentou pelas laterais, encontrou uma cobertura sólida. O Fluminense foi maduro e mostrou uma maturidade competitiva de gente grande.

Não bastasse o desempenho tático, a maturidade emocional da equipe também chamou atenção. Apesar de a vantagem no marcador, o time não desfocou, nem se desorganizou com a pressão italiana no segundo tempo. Pelo contrário, manteve o plano. Jogou sério, com concentração total, e a entrega de todo o elenco fez a diferença.

E, finalmente, ainda haveria tempo para mais um golpe. Em contra-ataque na reta final do duelo, Hércules saiu cara a cara com o arqueiro e, com um toque de classe, selou o 2 a 0 que fez o torcedor tricolor chorar, gritar e acreditar.

Ótimo desempenho contra finalistas das últimas duas Champions

Aliás, para além do placar, impressiona o roteiro dessa campanha. O Tricolor das Laranjeiras já havia empatado com o Borussia Dortmund, vice-campeão da Champions 2023/2024. Agora, o Fluminense elimina a Inter de Milão, finalista da última edição. Maturidade, consistência e uma identidade bem definida diante de dois gigantes europeus.

A cada jogo, o Fluminense reforça que não está apenas participando: está competindo — e muito bem. Renato, tantas vezes questionado por seu estilo, prova que pode ser estrategista. Cano segue sendo o homem-gol. Arias, incansável, é cérebro e pulmão. E Thiago Silva, aos 40 anos, joga como se fosse sua primeira Copa — e talvez seja mesmo, no sentido mais simbólico, já que o eterno menino de Xerém voltou para fazer história.

O Tricolor, agora, encara o Al-Hilal. Os sauditas eliminaram o poderoso Manchester City em mais um jogaço deste Mundial, por 4 a 3. A equipe bilionária da Arábia Saudita, inclusive, também deu trabalho e empatou com o Real Madrid. Viesse City ou Hilal, uma certeza se impõe: esse Fluminense tem alma guerreira. E mais do que isso, tem futebol de quem sonha — e realiza.


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