Ponte Preta e Guarani fizeram a partida com mais faltas da história (Reprodução)
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Dérbi das 100 faltas: O Ponte x Guarani que entrou pra história

Já ouviu falar no Dérbi das 100 faltas? Em 3 de outubro de 1999, mais de 22 mil torcedores lotaram o Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, para vibrar com mais um tradicional Dérbi Campineiro entre Ponte Preta e Guarani. O que ninguém imaginava, porém, é que aquele jogo terminaria com um recorde histórico: 105 faltas cometidas, o maior número já registrado em uma partida de futebol profissional no mundo. Neste sábado (2), às 17h, novamente no estádio da Macaca, os grandes rivais estarão frente a frente pela 15ª rodada da Série C.

Naquele dia, sob o comando do árbitro Paulo César de Oliveira (hoje consultor de arbitragem do Grupo Globo), o jogo válido pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro terminou empatado por 0 a 0, mas ficou marcado como o Dérbi das 100 faltas. A média, pasmem, foi de uma falta a cada 51 segundos de bola rolando. Um verdadeiro retrato do quanto a partida foi travada, ríspida e carregada de tensão.

25 anos do Dérbi das 100 faltas: quando a rivalidade superou a bola rolando em Campinas

Praticamente não teve jogo. O Guarani cometeu 55 infrações, enquanto a Ponte fez 50 faltas. Apesar de ter sido um jogo extremamente truncado, excessivamente parado e repleto de entradas duras, outra curiosidade é que nenhum jogador foi expulso e só foram aplicados três cartões amarelos. O árbitro distribuiu cartões amarelos, mas optou por não tirar nenhum atleta de campo.

O clássico teve tão pouca fluidez que, em muitos momentos, parecia impossível manter a bola em jogo por mais de um minuto seguido. O estilo de marcação pesada de ambos os lados, somado à rivalidade histórica, transformou o que seria o espetáculo dos mais tradicionais clubes do interior de São Paulo em um exemplar do “anti-futebol”.

O árbitro, evidentemente, teve papel central no jogo ao trilar o apito mais de uma centena de vezes. Além disso, as decisões de PC de Oliveira geraram polêmica dos dois lados. As duas equipes reclamaram de pênaltis não marcados e lances interpretativos que inflamaram ainda mais os ânimos dentro e fora de campo. Assim, o clima entre os jogadores era de constante provocação, com discussões e entradas duras do início ao fim.

A Ponte Preta, empurrada por sua torcida, tentou pressionar mais no segundo tempo, mas o Guarani conseguiu segurar o placar. Por fim, após o apito final, o que ficou foi a frustração geral — e um número de infrações que entraria para a história.

Ponte e Guarani fizeram boa campanha no Brasileirão de 1999

O empate sem gols, inclusive, não foi apenas fruto de um jogo que não teve bola rolando. A Ponte, ao final da primeira fase (à época, o Brasileirão tinha 22 clubes, turno único e mata-mata com os oito melhores) terminou com a melhor defesa, com 16 gols sofridos em 21 jogos. Curiosamente, em seguida, o Bugre, com 22.

Ambos avançaram para as quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1999, mas não foram além. A Macaca (4ª) caiu para o São Paulo (5º), enquanto o Guarani (8º) não passou do Corinthians (1º), que viria a ser o campeão daquela edição.

Um clássico eternizado pelo absurdo

Até hoje, o dérbi campineiro de 1999 é lembrado como o jogo com mais faltas da história do futebol profissional. Nem mesmo partidas de Libertadores, por exemplo, superaram o que Ponte e Guarani fizeram naquele domingo.

Mais do que um dado estatístico, o Dérbi das 100 faltas virou símbolo de um futebol travado, típico de uma época em que a marcação prevalecia sobre a criatividade. E também uma lembrança curiosa de como um clássico pode entrar para a história por motivos bem inusitados.

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