Conheça o brasileiro ídolo do Mamelodi, adversário do Fluminense no Mundial
Às vésperas do duelo decisivo entre Mamelodi Sundowns e Fluminense pelo Mundial de Clubes da FIFA, o ex-zagueiro Ricardo Nascimento é a ponte perfeita entre os dois mundos. Aos 38 anos, hoje vivendo uma rotina tranquila com a família em Americana, no interior de São Paulo, Ricardo construiu uma carreira sólida, mas foi na África do Sul que se tornou ídolo e eternizou seu nome.
“Foi a melhor decisão da minha carreira”, disse o ex-jogador, ao relembrar a escolha de vestir a camisa dos Sundowns, em 2016, após uma primeira recusa, inclusive. A decisão, porém, mudou sua vida. Em seis temporadas pelo clube, conquistou seis títulos, disputou 175 partidas (recorde entre brasileiros no país), marcou 20 gols e participou da campanha no Mundial de Clubes de 2016 — o primeiro torneio oficial da FIFA a contar com o uso do VAR.
“Ter disputado um Mundial de Clubes, que é um sonho de todo jogador brasileiro, foi uma experiência muito boa”, destaca Ricardo, que também guarda com carinho o título da Supercopa da África de 2017, diante de outro clube africano bem conhecido por aqui. “A gente ganhou em cima do Mazembe, e eu fiz o gol do título.“
Apesar de aposentado desde 2024 — ano em que voltou ao Brasil para vestir a camisa do clube que o revelou, o Rio Branco de Americana —, Ricardo segue acompanhando de perto o Mamelodi e mantém contato frequente com atletas e funcionários do clube. “Eu costumo sempre mandar mensagem para os meninos para desejar um bom jogo (no Mundial). O pessoal da rouparia virou praticamente da família. Além disso, os diretores também sempre me respondem. Temos ainda uma relação muito boa.”

Ricardo com a taça de campeão sul-africano (Arquivo Pessoal)
Na torcida pelos ex-companheiros de Mamelodi no Mundial e alerta ao Fluminense
Agora, Ricardo Nascimento assiste como torcedor ao desempenho dos ex-companheiros nos Estados Unidos. E, inclusive, projeta dificuldades para o Fluminense no confronto decisivo diante do Mamelodi na última rodada do Grupo F do Mundial. “O Sundowns não tem nada a perder. Acho até que pode ser um jogo bem difícil para o Fluminense por causa disso.”
Formado na base do Palmeiras, Ricardo iniciou a carreira profissional no Rio Branco-SP, em 2002. No Brasil, ainda passou por Comercial-SP e Figueirense antes de embarcar em uma trajetória internacional que começou em Portugal e passou pela Romênia até aterrissar, de vez, no futebol sul-africano. Ao todo, foram doze temporadas consecutivas no exterior, de 2011/12 até 2022/23. Só em Portugal, por exemplo, vestiu as camisas de Penafiel, Portimonense, Moreirense e Académica de Coimbra, com 176 partidas oficiais e um título da segunda divisão.
Em 2024, aos 36 anos, aceitou o convite do Rio Branco para encerrar sua trajetória onde tudo começou e, então, deixou a África do Sul. O desfecho da carreira, contudo, foi como um roteiro de cinema e muito especial para ele: título da inédita Série A4 do Campeonato Paulista e acesso.
Hoje, a rotina mudou. Sem os treinos diários ou a tensão das partidas decisivas, Ricardo se divide entre o convívio familiar e o futebol amador, onde disputa torneios regionais por equipes de Americana e Santa Bárbara d’Oeste, e já pensa nos próximos passos. “Provavelmente, será sempre voltado ao esporte.”
O torcedor brasileiro está contagiado pelo desempenho das equipes nacionais na Copa do Mundo de Clubes, mas, talvez, um deles vibre mais por outra equipe – e longe de ser uma das famosas e estreladas representações europeias. Enquanto os olhos da maioria estará na torcida pelo Fluminense nesta quarta-feira, um brasileiro, digamos, bem sul-africano, vestirá verde, amarelo e azul – cores do uniforme dos Sudowns – pelo Mamelodi neste Mundial.

(Divulgação/Mamelodi Sundowns)
Confira a entrevista com Ricardo Nascimento, ex-Mamelodi, e o que ele espera do duelo contra o Fluminense no Mundial de Clubes
Você fez base no Palmeiras, jogou na Europa. Como foi a decisão de ir para a África do Sul e para o continente africano naquela época?
Ricardo Nascimento: Então, essa decisão foi bem difícil. A princípio, eu não queria ir. Eles já tinham feito uma proposta um ano antes e eu não aceitei a proposta de ir, mas no segundo ano eu aceitei e foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida. Lá eu consegui títulos, o respeito da torcida e de todos no clube. Então, acho que foi a melhor decisão que tomei na minha carreira.
Você é um ídolo do Mamelodi Sundowns, construiu uma história repleta de conquistas e títulos. Quais foram os momentos mais marcantes dessa trajetória?
Ricardo Nascimento: Foram vários momentos bem marcantes para mim. Ter disputado um Mundial de Clubes (em 2016), que é um sonho de todo jogador brasileiro, foi uma experiência muito boa. Eu lembro muito de uma Supercopa da África que a gente ganhou em cima do Mazembe, e o Mazembe era um time marcante pra mim, porque eu lembro deles ganhando do Inter em um Mundial. Então, era o time que eu conhecia no continente africano. E eu fiz o gol do título. Então esses são momentos que marcam, e todos os títulos também foram especiais. Mas esses dois (disputar o Mundial de Clubes 2016 e o título sobre o Mazembe) foram os que me marcaram mais.
Ainda sobre o Mundial de Clubes, você disputou um pelo clube em 2016. Inclusive, foi a primeira competição oficial da FIFA com a implementação do VAR. Como foi para você jogar pela primeira vez com a utilização do árbitro de vídeo? Foi “estranho” naquela época?
Ricardo Nascimento: Nesse Mundial de 2016 foi a primeira vez (do VAR), então a gente tinha essa preocupação também. Querendo ou não, dentro de campo, tem sempre aquela malandragem, então a gente tinha que ter esse cuidado de não ter essa malandragem porque sabíamos que ia ter o VAR, o vídeo. Foi uma preocupação a mais para gente ter, mas nosso time se comportou bem.

(Arquivo Pessoal)
Mundial: Mamelodi Sundows x Fluminense
Hoje, o Mamelodi disputa mais um Mundial de Clubes. Você tem acompanhado? Está torcendo pelo clube?
Ricardo Nascimento: Agora, com essa chance de disputar o Mundial, é mais uma chance de mostrar como o futebol da África do Sul vem crescendo. Acho que o Sundowns vem desempenhando um campeonato bacana, deixando o futebol africano bem conhecido. As pessoas estão vendo que na África do Sul também tem bons jogadores.
O Mamelodi encara o Fluminense na última rodada da fase de grupos do Mundial. O que você espera da equipe e deste jogo?
Ricardo Nascimento: É um jogo decisivo contra o Fluminense, um jogo em que um dos dois vai passar para a próxima fase. Acho que vai ser um jogo difícil. O Fluminense fez um primeiro jogo excelente, o segundo nem tanto, mas conseguiu o objetivo. E os Sundowns não têm nada a perder, acho até que pode ser um jogo bem difícil para o Fluminense por causa disso. O Fluminense tem que entrar concentrado, igual entrou no primeiro jogo, porque senão o Mamelodi pode acabar surpreendendo nesse Mundial.
Você ainda mantém contato com jogadores do atual elenco ou funcionários do clube? Tem falado com pessoas da África do Sul regularmente?
Ricardo Nascimento: Tem bastante jogadores ainda da época que eu joguei lá. Eu costumo sempre mandar mensagem para os meninos, estou sempre mandando mensagens de boa sorte e bom jogo. Converso muito com o pessoal da rouparia, que virou praticamente da família, e os diretores também sempre me respondem. Temos ainda uma relação muito boa.
O término de carreira
Você encerrou a sua carreira no clube que o revelou, o Rio Branco. E ainda conseguiu conquistar um título com a equipe. Conte sobre a importância deste momento.
Ricardo Nascimento: Volto da África com o pensamento de aposentar, só que eu recebi esse convite do Rio Branco e foi um prazer para mim, foi onde eu comecei. E, graças a Deus, deu tudo certo, a gente conseguiu o acesso e, como eu falo para todos aqui, foi um dos títulos mais importantes da minha carreira, o mais emocionante, porque tinha amigos e família perto. E eu consegui, entre aspas, devolver tudo o que o Rio Branco me proporcionou na carreira.
Por fim, como está a vida após pendurar as chuteiras?
Ricardo Nascimento: Está bem legal, aproveitando a família e o filho, que a gente passava muito tempo longe. Agora, estamos pensando bem no que fazer, nos investimentos que vamos fazer na vida, mas provavelmente será sempre voltado ao esporte, que é o que eu gosto e gostei sempre de fazer.







Fotos: Divulgação/Mamelodi Sundowns e Arquivo Pessoal
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