Análise: Palmeiras estreia com autoridade no Mundial, mas esbarra na falta de eficiência
A estreia do Palmeiras no Mundial de Clubes, com um empate por 0 a 0 diante do Porto, deixa uma sensação mista. De um lado, a atuação sólida, corajosa e dominante, sobretudo na etapa final, diante de um adversário europeu tradicional. Do outro, a frustração por não ter traduzido em gols a clara superioridade durante os 90 minutos num MetLife Stadium de ampla maioria palmeirense nas arquibancadas. O desempenho empolga, mas fica o alerta da eficiência para concluir as jogadas.
Porém, o time comandado por Abel Ferreira apresentou um futebol maduro, competitivo e inteligente. Desde o apito inicial, assumiu o controle das ações, se impôs fisicamente e taticamente, e neutralizou as principais armas do adversário. A proposta palmeirense foi clara: pressionar alto, recuperar a bola no campo ofensivo e acelerar as jogadas a partir de uma linha de meio-campo muito bem coordenada.
As impressões da boa estreia do Palmeiras no Mundial:
Richard Ríos e Aníbal Moreno, este último novidade na escalação no lugar de Emi Martínez, foram os pilares dessa estratégia. Intensos na marcação e participativos na construção, permitiram que o Palmeiras mantivesse o Porto encurralado por longos períodos. Grande atuação da dupla. A defesa, mesmo exposta pelo posicionamento adiantado do time, mostrou segurança e um alto nível de concentração. Gustavo Gómez e Murilo muito bem, mas com o jovem Giay oscilando e perdendo algumas bolas que geraram certo perigo.
A movimentação ofensiva também merece elogios. Faltou, no entanto, o capricho para concluir. Estêvão, aliás, muito acionado, como era de esperar, chamou o jogo como lhe é característico. Mas a joia que dará adeus ao verdão após o Mundial pecou em algumas decisões.
O controle alviverde se traduziu em pelo menos 14 finalizações, contra 10 dos portugueses. O Palmeiras criou chances claras, uma bola explodiu na trave e pelo menos outras quatro obrigaram o goleiro Cláudio Ramos a fazer grandes defesas – este, o melhor em campo do Porto na estreia no Mundial. Nos acréscimos no primeiro tempo, um verdadeiro bombardeio, com duas grandes intervenções de Ramos e uma bola salva em cima da linha em finalização de Ríos. Weverton também teve que trabalhar, é verdade, mas o Palmeiras foi melhor na maior parte do tempo.
O resultado, por si só, não compromete a campanha. Mas, pelo desempenho apresentado, o empate ficou aquém do que o time merecia. O Palmeiras mostrou mais futebol, mais organização e mais atitude do que o adversário.
É o tipo de estreia que reforça a confiança no trabalho e na proposta, mas que exige maior precisão nas próximas partidas (Al Ahly e Inter Miami). Em torneios deste calibre, o peso de cada jogo é enorme, e o Verdão sabe que não pode desperdiçar novas oportunidades como as que teve nesta noite.
A atuação foi convincente. Se quiser sonhar alto nesta Copa do Mundo de Clubes, o Verdão vai precisar transformar volume de jogo em bola na rede.
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